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Carrefour lucra com o fechamento das lojas do Extra

17 de fevereiro de 2022
 - 
21:05
 - 
Bruno Marcon
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Mais clientes têm ido à rede francesa que considera o atacarejo, um forte concorrente na disputa por quem busca preço baixo

O grupo Carrefour registrou aumento na circulação de clientes nas suas lojas nos locais onde o concorrente Extra fechou as portas, mas descarta a hipótese de ganhos de margem oriundos de mudanças em política de preços nesses locais. Cerca de 100 pontos do Extra deixaram de operar desde o fim de 2021, mas as lojas vendidas – a maior parte agora controlada pelo Assaí – ainda não reabriram.

A ideia do Carrefour é ampliar rentabilidade pelo ganho em volume vendido. “Já vemos clientes do Extra vindo, mas não apostamos num cenário de subida de margem, como efeito de um aumento de preços, por causa desse tráfego. Pode ser um crescimento [de margem] por volume”, disse David Murciano, diretor financeiro, após divulgação do balanço de quarto trimestre. Em outubro, o GPA, dono do Extra, anunciou a venda de 71 pontos de hipermercado para o Assaí e de 17 imóveis para o fundo imobiliário Succespar Varejo.

O executivo diz que a empresa vem trabalhando dentro de uma nova proposta promocional, que considera diferentes variáveis, além do fim do Extra. “Na pandemia, [o braço de] varejo tinha um nível de promoção e agora estamos voltando ao nível que tínhamos antes. Muita coisa mudou, e estamos ajustando esse nível entre o que tivemos na pandemia e o que tínhamos antes”.

Em outras palavras, o Carrefour, assim como todo o varejo alimentar, foi menos promocional no auge da crise sanitária, porque não precisava atrair tráfego de clientes, mas essa fase acabou no ano passado, com a piora do ambiente econômico. A empresa sinaliza que está voltando a ser mais agressiva em preços nos supermercados e hipermercados, só que também não de forma tão forte.

Isso ocorre, em parte, porque a concorrência diminui sem o Extra, o que, de certa maneira, pode ser benéfico ao Carrefour no curto prazo, antes da chegada do Assaí nesses locais. “Nós temos que considerar que somos o único [agora] com proposta completa e somos os únicos na relação com o fornecedor também para [vender] a gama completa dele. E todo esse cenário impacta a nossa proposta [comercial]”, afirmou o diretor a jornalistas.

Ele faz a ressalva de que, mesmo com o fechamento do Extra, é preciso considerar a concorrência com as redes de atacarejo.

São 100 hipermercados do Carrefour no país (não há novas aberturas há anos), mas a empresa não publica desempenho de vendas só desse negócio. O grupo informa dados gerais de supermercados e hipermercados – que, inclusive, têm tido piores números que o atacado. O Carrefour é dono da rede Atacadão.

Em supermercados e hipermercados, as vendas brutas caíram 3,4% no quarto trimestre, para cerca de R$ 6 bilhões, e a margem bruta do varejo encolheu 1,7 ponto, para 23,2%. O grupo diz que a operação foi afetada pela base forte de 2020 e pela queda de 23% na demanda de não alimentos, como produtos eletrônicos. Consultores lembram que a venda de eletro é uma parte menor da receita do hipermercado, na faixa de 30%.

A operação alimentar, que responde pela grande fatia, cresceu, em termos nominais, 1,5% (sem postos). “Se subiu 1,5% nos dois modelos, é bem provável que, se olhar o hipermercado deles separado, terá caído no quarto trimestre. Apesar de 2020 ser uma comparação forte, ainda é um modelo difícil no Brasil e no mundo”, diz um ex-diretor da rede.

“Por isso, é complicado acreditar que o hiper deles vai ‘nadar de braçada’ após o fim do Extra. Os atacarejos ficaram muito fortes em cidades grandes, vamos lembrar que eles concorrem com o próprio Atacadão. E, em alguns meses, o Assaí vai entrar forte nessas lojas fechadas”, diz a fonte. “É provável que, dependendo da região, o atacarejo colha mais frutos do fim do Extra do que o hiper.”

Ontem, em teleconferência com analistas, a companhia também foi questionada sobre esse tema da concorrência e das políticas comerciais no varejo. O diretor afirmou que a empresa está buscando um equilíbrio entre as ofertas, os preços regulares e aquilo que oferece em seu programa de fidelidade. E que essa avaliação está em andamento.

Analistas disseram, em relatórios, que, de forma geral, o trimestre foi levemente positivo para o grupo, mas em grande parte pelo desempenho do Atacadão e do Banco Carrefour.

Na rede de atacarejo, as vendas brutas atingiram R$ 16,7 bilhões no quarto trimestre, alta de 6,6% versus ano anterior, com queda de 5% em “mesmas lojas”. Desde janeiro, a cadeia diz ter apurado alta de um dígito médio nas vendas “mesmas lojas”.

Fonte: Adriana Mattos, Valor


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