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Internacional



Acionado sinal de alerta entre grandes varejistas dos EUA

19 de maio de 2022
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21:18
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Redação SuperHiper
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Novo cenário econômico com comportamento adverso do cliente leva as maiores do Varejo de Alimentos a adotarem outras estratégias

A inflação pegou de jeito o setor de varejo nos Estados Unidos e, por consequência, o mercado americano nesta quarta-feira, 18 de maio, gerando receios sobre o futuro da maior economia do mundo e o desempenho do mercado acionário em 2022. 

Com Target e Walmart, dois dos principais nomes do varejo americano, registrando resultados abaixo do esperado em função da alta dos custos e redução do poder de compra dos consumidores, os índices acionários fecharam o dia com fortes quedas.

O maior prejudicado foi o Dow Jones, que registrou uma perda de cerca de 1,1 mil pontos, pior resultado desde junho de 2020, e o menor fechamento desde março de 2021, recuando 3,57%, aos 1.164,52 pontos.

O Nasdaq fechou com a maior queda desde 5 de maio, de 4,73%, aos 11.418,15 pontos, enquanto o S&P 500 recuou 4,04%, aos 3.923,68 pontos, pior retração desde junho de 2020.

Os receios e a aversão a risco vistos nos Estados Unidos acabaram sendo sentidos por aqui, com o Ibovespa fechando a sessão de hoje com baixa de 2,34%, aos 106.247,15 pontos, após registrar cinco dias seguidos de alta.

Antes da abertura do mercado, a Target informou que o lucro por ação ajustado foi de R$ 2,19 no trimestre, abaixo dos R$ 3,07 esperados pelos analistas, segundo a Refinitiv, diante do aumento dos custos com combustíveis e problemas na cadeia de suprimentos.

O Walmart também citou esses pontos como fatores que afetaram seu desempenho. Os resultados, divulgados ontem, mostram que a empresa teve um ganho por ação ajustado de US$ 1,30, enquanto o mercado projetava US$ 1,48.

Mais do que os resultados abaixo do esperado das duas companhias, o que atemorizou os investidores foram as mensagens que elas passaram em relação ao estado do consumidor americano, uma sinalização de que o consumo pode desacelerar fortemente nos próximos trimestres.

Maior varejista dos Estados Unidos, o Walmart informou que os clientes estão reduzindo as compras e trocando por marcas mais baratas. O CEO da companhia, Doug McMillon, alertou ainda que a inflação dos alimentos estava crescendo na casa dos dois dígitos e que esse ritmo não tende a desacelerar, levando a uma redução das compras. A companhia, cujas ações tinham caído 11,4% na terça-feira, voltaram a registrar fortes perdas hoje, recuando 6,79%, a US$ 122,43.

A Target, voltada para os consumidores de baixa renda, divulgou que clientes diminuíram a compra de eletrodomésticos e televisões. Isso, combinado com a questão dos custos em alta, fez com que as ações caíssem quase 25%, para US$ 161,61, pior desempenho desde 1987.

O avanço da inflação nos Estados Unidos tem gerado muita preocupação entre consumidores e investidores, que veem a alta dos preços começando a prejudicar o desempenho da economia. O índice de preços ao consumidor registrou alta de 8,3% nos 12 meses até abril, ficando apenas 0,2 ponto percentual abaixo do maior patamar desde dezembro de 1981. E não há sinais de que as coisas vão melhorar com o passar do tempo.

“As varejistas sofrem com a perda de poder de compra por conta da inflação e a situação  não tende a se recuperar tão cedo, porque a política monetária dos Estados Unidos vai começar a passar para o campo restritivo, tendo efeitos sobre a economia”, diz Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

O presidente do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, deixou claro que a política monetária vai ficar mais contracionista, ao afirmar ontem que a autoridade monetária aumentará a taxa de juros até que haja evidências convincentes de recuo da inflação, mesmo que isso resulte numa desaceleração da economia.

A combinação de inflação em alta e aumento de juros deve continuar colocando pressão sobre as ações das varejistas, mas também de outros setores.

Enrico Cozzolino, sócio e head de análise da Levante, afirma que não apenas as companhias do setor de consumo, como também aquelas classificadas como de “crescimento”, ou seja, que tem potencial de crescimento no futuro, serão prejudicadas pelas iniciativas do Fed para combater a inflação.

Companhias do ramo de tecnologia se enquadram nesta situação, juntamente com fintechs e outras startups que chegaram ao mercado recentemente. “Quando vemos o mundo inteiro subindo os juros em meio ao cenário de alta de inflação e realizamos o fluxo de caixa descontado, vemos que não faz sentido pagar múltiplos elevados por empresas cujos resultados vão aparecer mais para frente”, afirma Cozzolino.

Diante das circunstâncias, Cozzolino optou por rearranjar as recomendações para suas carteiras de longo prazo, saindo de nomes de consumo e tecnologia para ações de commodities, cujos preços subiram fortemente desde o ano passado, e para energia, em que a demanda e as tarifas são estáveis e previsíveis.

Ainda que a previsão seja de desempenho negativo para as ações das varejistas americanas, Sanchez destaca a possibilidade de vermos recuperação das cotações nos próximos dias. Segundo ele, a inflação e a queda nas cotações não sinalizam problemas estruturais para o setor de varejo, nem para a economia do país, ainda que a atividade deva desacelerar.

“Nesses momentos ocorre um oversell de ações, um movimento de manada, mas os investidores vão fazer contas, vão reprecificar os ativos e eventualmente voltar a comprar um pouco esses papéis”, diz. “O que vimos hoje não se trata de um gatilho para uma ruptura estrutural da economia americana.”

Fonte: Ivan Ryngelblum,  Neofeed


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